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Biologia e Controle de Morcegos

Os Morcegos

É noite. Depois de um longo dia de trabalho você só pensa em dormir. Deita, ajeita o travesseiro, mas...ops....há algo estranho no ar! Um barulhinho esquisito vem do seu forro. “Meus Deus, que é isso?”- você pensa. Olha pela janela e uma sombra se aproxima voando. Ao chegar perto da sua janela a criatura desvia subitamente e vai para seu forro. Intrigado você pega uma escada e vai para o forro também. Ao entrar sente um cheiro horrível. Olha pelo chão e não vê nada a não ser excrementos. Mas, o barulhinho continua e você olha para cima! Ah, ah....aí estão eles: os morcegos!

Mas, não se desespere nem cubra o pescoço. Estes nosso amigos voadores são seres espetaculares. E com raras, exceções não trazem problemas ao homem.

Conhecendo mais sobre os Bat-amigos da Ordem Chiroptera

Os morcegos são vertebrados. Pertencem ao Filo Chordata, Classe Mammalia, Ordem Chiroptera. Desta forma, possuem entre outras características, o corpo recoberto por pelos. Por serem placentários, as fêmeas gestam os filhotes após um período de desenvolvimento uterino. Após o nascimento estes são alimentados com o leite materno.

Os Chirópteros são reconhecidamente são os únicos mamíferos capazes de voar. Essa habilidade se deve à adaptação dos membros anteriores em asa. Vem daí o nome da sua Ordem: Chiro que quer dizer “mãos” e Ptera, “asas”. Além das asas, possuem a musculatura peitoral e a fisiologia adaptadas para o ato de voar.

Dentre os mamíferos constituem um grupo extremamente diverso, com cerca de mil espécies, o que equivale a um quarto de toda a fauna de mamíferos do mundo! No Brasil são registradas cerca de 150 espécies.

A distribuição desta Ordem é cosmopolita, ou seja, habitam todos as regiões dos cinco continentes, exceção feita às regiões mais frias dos Pólos Ártico e Antártico e algumas ilhas muito isoladas.

Atualmente este grupo tem sua Ordem dividida em duas subordens: Megachiroptera e Microchiroptera. Prestando atenção no nome já da pra ter uma dica da diferença dos dois grupos. Mega quer dizer “grande” e Micro “pequeno”. Depois disso, os nomes são iguais e você já sabe o significado. Então, uma ordem é conhecida por ter asas maiores e outra por ter asas menores.

A subordem Megachiroptera é restrita a África, Ásia e Oceania. E como já imaginávamos pela dica do nome, nesta subordem encontram-se os maiores morcegos do planeta, conhecidos popularmente como "raposas voadoras". Esses animais podem alcançar até 2 metros de envergadura, ou seja, da ponta de uma asa até a ponta da outra.

A subordem Microchiroptera tem distribuição mais abrangente. Membros deste grupo podem ser observados por todo o globo, o que incluí as Américas. Os morcegos dessa ordem são bem menores, ficando entre 10 e 80 cm de envergadura, por isso a palavra “micro” no nome!

Mas, além do tamanho, outras características diferem essas duas subordens. Em geral as raposas voadoras não fazem uso da ecolocalização, enquanto os morcegos da subordem dos Microchiroptera costumam depender desse mecanismo de se guiar. A ecolocalização consiste num mecanismo de orientação usado por alguns animais. Esse mecanismo é baseado na emissão de sons de alta freqüência e, através da captação do som refletido, o animal consegue identificar possíveis obstáculos no caminho ou até mesmo encontrar presas.

Por muito tempo os pesquisadores acreditaram que esses grupos tinham histórias evolutivas diferentes e que as semelhanças seriam resultado de convergência adaptativa.

A convergência adaptativa é quando uma mesma estratégia surge mais de uma vez na história das espécies de maneira independente. Ou seja, os pesquisadores acreditavam que os dois grupos de morcegos teriam se desenvolvido de forma independente e que, portanto, não compartilhavam da mesma história. Porém mais recentemente, com avanço de estudos genéticos, foi possível identificar que os dois grupos têm um ancestral voador comum, e por isso devem mesmo estar agrupados numa mesma ordem.

A seguir, falaremos um pouco um pouco mais sobre os morcegos, principalmente da subordem Microchiroptera, que são os que encontramos aqui no Brasil, para entender melhor esses mamíferos que muitas vezes passam por vilões, mas nem sempre merecem a fama!

Detalhes da Biologia dos Morcegos:

A principal característica dos morcegos é justamente a que dá o nome ao grupo. A mão transformada em asa, que lhes possibilita o vôo verdadeiro.

Essa modificação pode ser mais bem entendida se compararmos os ossos das asas do morcego com os ossos da mão de outro mamífero. Os ossos do metacarpo são o conjunto de ossos entre os do carpo, a base da mão, e as falanges, que são os ossos dos dedos. Nos morcegos os ossos do metacarpo e também o segundo e quinto dedo dos membros anteriores, ou seja, das mãos, são alongados e entre eles existe uma membrana. Essa membrana se estende dos dedos até o lateral do corpo e a base dos membros inferiores e é chamada de patágio. Enquanto os ossos dão estrutura às asas, a membrana garante que sua função de vôo seja bem executada.

Algumas espécies possuem também o uropatágio, uma membrana entre os membros posteriores e também a cauda, o que garante asas de maior área e, portanto, mais fortes.

O patágio é um tecido ricamente vascularizado, o que permite que a asas dos morcegos participem de outras funções que não só o vôo. No frio, os morcegos se cobrem com as próprias asas numa tentativa de esquentar o corpo e conservar o próprio calor. Já em épocas quentes, os morcegos estendem as asas, permitindo maior troca de calor com o ambiente, amainando um pouco a sensação térmica.

As garras são mais freqüentemente observadas no polegar das mãos e nos membros posteriores. Assim, as patas posteriores são mais usadas para a manipulação de objetos e para que o animal se agarre a galhos e saliências.

Embora as asas sejam ideais para o vôo, acabam por atrapalhar bastante a movimentação em solo, de maneira que esses animais tornam-se extremamente vulneráveis se tiverem seu vôo prejudicado. O morcego-vampiro, uma das poucas espécies hematófagas, é uma das raras espécies que apresentam mais desenvoltura para se locomover no solo.

Outra característica tida como geral para os morcegos é seu horário de atividade. No pôr-do-sol os morcegos começam a sair de seus abrigos e são bastante ativos durante a noite. Há pouquíssimos registros de morcegos em atividade diurna, exceto para as raposas voadoras que podem ser observadas com relativa freqüência em atividade durante o dia.

De maneira geral, existem poucos predadores de morcegos, dada principalmente sua agilidade em fugir de caçadores. Algumas corujas e falcões podem eventualmente caçar os morcego, mas são mais freqüentes espécies de morcegos que caçam outras espécies menores. Em áreas urbanas é comum que gatos tentem caçá-los, principalmente no momento em que estão entrando ou saindo de deus abrigos.

Assim, os piores inimigos dos morcegos acabam sendo seus próprios parasitas. É comum encontrar carrapatos e pulgas alojados na região das asas, principalmente em função da boa vascularização e delicadeza do tegumento.

Algumas espécies de morcegos que você pode encontrar:

   

Myotis nigricans - morcego das casas:

 

Dos morcegos encontrados nas cidades, é o menor. Os bandos podem ser muito grandes e se abrigar nos telhados de casas. De cor parda avermelhada, é das principais pragas dentre os morcegos.

   

Artibeus lituratus - morcego das frutas:

 

Obviamente adoram uma árvore frutífera. Formam grupos pequenos, onde se encontram um único macho e diversas fêmeas.

   

Phyllostomus hastatus - falso vampiro:

 

É encontrado com bastante freqüência, e costuma se alimentar de pequenos animais, porém também pode se alimentar de frutas e flores (onívoro). Possui coloração negra uniforme. Vivem em ocos de árvores em grupos pequenos compostos por um macho e várias fêmeas.

   

Glossophaga soricina - morcego beija-flor:

 

É um morcego pequeno de cor parda. Possui uma língua alongada que usa para lamber as flores e obter o néctar.

   

Molossus ater - morcego cauda de rato:

 

Também é bastante comum nas cidades. Alimenta-se de insetos e possui coloração preta uniforme. Assim como o morcego das casas costuma formar grandes grupos em telhados, mas em geral são reconhecidos pelo forte e desagradável cheiro de suas colônias.

   

Desmodus rotundus - morcego vampiro:

 

É a espécie mais bem estudada dos hematófagos. Costuma estar presentes em áreas onde se cria gado ou aves, sendo muito raro nas cidades. Sua coloração é parda, sendo mais clara na barriga e garganta. Vivem em grupos e se estabelecem em cavernas ou ocos de árvores.

 

Reprodução

Os morcegos neotropicais, ou seja, aqueles da região tropical das Américas apresentam quatro padrões básicos de comportamento reprodutivo entre as espécies:

 apenas uma vez por ano com período determinado;

 mais de uma vez por ano em períodos certos;

 várias vezes durante um longo período do ano, com um curto período de inatividade sexual;

 continuamente durante todo ano.

O período de gestação também varia de espécie para espécie, em geral entre dois e sete meses.

Morcegos insetívoros tendem a ter um período de gestação mais curto (de dois a três meses). Já morcegos frugívoros e polinívoros possuem gestação um pouco mais longa (três a cinco meses), mas ainda assim mais curto que o período gestacional de morcegos hematófagos que dura até sete meses.

Na grande maioria dos grupos nasce apenas um filhote a cada gestação. Esse filhote não possui pelos ou apresenta uma pelagem tênue, motivo pelo qual é protegido todo o tempo pela mãe. O recém-nascido se agarra a mãe que o carrega para todo lado e amamenta todo o tempo. Até que o filhote cresce, ganha pelos, e começa a ingerir seu próprio alimento.

Alguns bandos de morcegos apresentam um comportamento bastante interessante e pouco comum entre outras espécies. O de formar berçários! Isso mesmo, as fêmeas do bando têm seus filhotes todos na mesma área, seja uma caverna ou um oco de árvore, e deixam os filhotes todos juntos. Assim, uma mãe pode sair pra se alimentar enquanto outras tomam conta dos filhotes. Ao retornar essa mãe chama pelo seu filhote e pode alimentá-lo. Então essa mãe fica tomando conta do berçário enquanto as que estavam vigiando antes podem ir se alimentar e buscar comida para seus próprios filhotes.

Hábitos Alimentares

Os morcegos são animais capazes de se adaptar a diversos ambientes, uma vez que possuem enorme variedade de formas, tamanhos e hábitos. Os representantes da subordem Microchiroptera podem ser classificados por seus diferentes hábitos alimentares. Talvez os mais famosos sejam os hematófagos, aquelas que se alimentam exclusivamente de sangue. Porém esses são na verdade minoria! Na América Latina são encontradas apenas três espécies.

A maioria das espécies se enquadra nas categorias descritas a seguir:

Insetívoros 
Se alimentam de insetos como: mosquitos, mariposas, besouros, baratas entre outros. Geralmente os capturam seus alimentos em pleno vôo. Representa, cerca de 70% das espécies de Chiroptera.

Polinívoros ou Nectarívoros
Buscam néctar, pólen e, às vezes, parte florais para se alimentar.

Frugívoros
Têm sua dieta composta basicamente por frutas.

Carnívoros
São caçadores ativos e comem peixes, rãs, camundongos, aves e até mesmo outros morcegos.

Piscívoros
São carnívoros, mas com dieta mais restrita. Comem principalmente peixes, além de alguns crustáceos e insetos.

Hematófagos
Se alimentam de sangue em feridas provocadas no seus hospedeiros. Nesta categoria se encontram apenas três espécies de distribuição restrita à America Latina: Desmodus rotundusDiaemus youngi e Diphylla ecaudata.

Onívoros
Podem se alimentar tanto de frutos e néctar quanto de animais.

Com toda essa diversidade alimentar, os morcegos acabam se tornando peças fundamentais para o equilíbrio dos ecossistemas, atuando como polinizadores, dispersores de semente e controladores da população de insetos e outros animais.

Os Bandos de Morcegos e seus Locais Favoritos

Pelo fato de os morcegos organizarem os berçários, já deu pra perceber que esses animais possuem uma organização social interessante!

Como na maioria das espécies que vivem socialmente, a organização é baseada em um macho dominante e um grupo de fêmeas com seus filhotes. Mas em geral esses grupos não apresentam comportamento monogâmico obrigatório.

Os grupos de morcegos se estruturam em abrigos apropriados para suas atividades habituais. Mas do que mesmo um morcego precisa para viver?

Em primeiro lugar, segurança contra possíveis predadores. Então o lugar não deve ter acesso muito fácil. Temperatura e umidade também devem ser adequadas, mas o ideal varia de espécie para espécie. A fonte de alimento também deve estar próxima e, por fim, como os morcegos são animais de hábito crepuscular ou noturno, o abrigo deve ser protegido de luz durante o dia.

Assim, os lugares mais comuns de se encontrar morcegos na natureza são cavernas, frestas de rochas, ocos ou copas de árvores.

Os morcegos frugívoros costumam se estabelecer em copas de árvores que lhes forneça alimento, como abacateiros, amoreiras, bananeiras, pés de café, espatódeas, fícus, goiabeiras, mangueira e outras árvores.

Já os morcegos hematófagos costumam voar de seus abrigos em buscas de presas para se alimentarem. Essas presas podem ser bois, cavalos, porcos, aves silvestres, cães e, raramente, o homem. O morcego deverá ingerir de 30 a 40g de sangue numa noite. Para isso, morderá mais de uma presa. Portanto, o abrigo deverá ser próximo de locais de concentração de presas em potenciais. Assim, esses morcegos costumam ser mais encontrados em seu estado natural, nas matas, ou em regiões rurais, próximos a criadouros de animais.

Os morcegos de áreas urbanas costumam ser insetívoros, uma vez que a iluminação da cidade atrai um grande número de insetos. Nesses casos, é comum que os morcegos utilizem construções humanas como abrigos. Sótãos, porões e outras edificações podem servir de abrigo. Nestes locais, devido às suas fezes fétidas, podem provocar a desvalorização dos imóveis pois causam rachaduras e manchas na pintura.

Nesse contexto urbano, ou próximo a áreas humanas é que os morcegos acabam por ser considerados pragas, afinal se a população desses animais for muito grande, podem atrapalhar o dia a dia e até mesmo causar prejuízos, ao danificar construções, oferecer risco a saúde das criações animais, e mesmo humana ou causar estragos em plantações.

Doenças Associadas a Morcegos

Morcegos e a raiva

Morcegos, principalmente os morcegos vampiros são freqüentemente associados a surtos de transmissão do vírus da raiva. A raiva não é transmitida só por morcegos, mas também por outros mamíferos e, no Brasil, os principais vetores continuam a ser os cachorros e gatos de rua.

O vírus da raiva deve cair na corrente sanguínea e ser transportado até o sistema nervoso central, principal tecido afetado. Um dos locais de maior concentração do vírus é nas glândulas salivares, por isso que a mordida de um animal raivoso é tão preocupante. As chances de uma quantidade suficiente de vírus para causar infecção cair na corrente sanguínea do acidentado é alta.

Um mito comum é o de que os morcegos seriam imunes ao vírus da raiva. Isso não é verdade. Eles também são prejudicados pela doença, justamente por isso que, na realidade, poucos deles são reais portadores do vírus.

Outra ideia que não corresponde à realidade é de que apenas os morcegos hematófagos podem transmitir a raiva. Dado o habito alimentar desses animais, a chances de eles se contaminarem é maior, mas de fato, qualquer morcego, e outros animais silvestres, são potencialmente vetores de transmissão dessa doença.

A principal preocupação diante da raiva deve-se a dois fatores. Primeiro de essa poder ser uma doença letal para humanos e, segundo, por ser motivo de grandes prejuízos na pecuária.

Embora exista vacina para a raiva, sua administração não é rotineira para humanos, sendo mais comum o tratamento de casos de suspeita de contaminação. A política adotada visa vacinar principalmente cães e gatos, que são os principais transmissores da doença.

Histoplasmose

O acúmulo de fezes dos morcegos também são chamadas de guano, como nas aves. Por seu alto teor de nitrogênio podem ser empregas na fertilização do solo com fins agrícolas. Porém, o guano dos Chiroptera (assim como o de pombos e galinhas) também pode ser um bom local para crescimento do fungo histoplasma (Histoplasma capsulatum). Este forma esporos, que têm aparência de um pó branco, que se inalado, ocasiona a histoplasmose, uma doença sistêmica muito grave que pode levar à morte.Doenças Associadas a Morcegos

Morcegos e a raiva

Morcegos, principalmente os morcegos vampiros são freqüentemente associados a surtos de transmissão do vírus da raiva. A raiva não é transmitida só por morcegos, mas também por outros mamíferos e, no Brasil, os principais vetores continuam a ser os cachorros e gatos de rua.

O vírus da raiva deve cair na corrente sanguínea e ser transportado até o sistema nervoso central, principal tecido afetado. Um dos locais de maior concentração do vírus é nas glândulas salivares, por isso que a mordida de um animal raivoso é tão preocupante. As chances de uma quantidade suficiente de vírus para causar infecção cair na corrente sanguínea do acidentado é alta.

Um mito comum é o de que os morcegos seriam imunes ao vírus da raiva. Isso não é verdade. Eles também são prejudicados pela doença, justamente por isso que, na realidade, poucos deles são reais portadores do vírus.

Outra ideia que não corresponde à realidade é de que apenas os morcegos hematófagos podem transmitir a raiva. Dado o habito alimentar desses animais, a chances de eles se contaminarem é maior, mas de fato, qualquer morcego, e outros animais silvestres, são potencialmente vetores de transmissão dessa doença.

A principal preocupação diante da raiva deve-se a dois fatores. Primeiro de essa poder ser uma doença letal para humanos e, segundo, por ser motivo de grandes prejuízos na pecuária.

Embora exista vacina para a raiva, sua administração não é rotineira para humanos, sendo mais comum o tratamento de casos de suspeita de contaminação. A política adotada visa vacinar principalmente cães e gatos, que são os principais transmissores da doença.

Histoplasmose

O acúmulo de fezes dos morcegos também são chamadas de guano, como nas aves. Por seu alto teor de nitrogênio podem ser empregas na fertilização do solo com fins agrícolas. Porém, o guano dos Chiroptera (assim como o de pombos e galinhas) também pode ser um bom local para crescimento do fungo histoplasma (Histoplasma capsulatum). Este forma esporos, que têm aparência de um pó branco, que se inalado, ocasiona a histoplasmose, uma doença sistêmica muito grave que pode levar à morte.

vUm pouco sobre Mitos e Famas dos Morcegos

Morcegos e Vampiros

A relação de morcegos com vampiros é das primeiras coisas que vem a nossa mente. Isso por que a lenda dos vampiros é das mais conhecidas e difundidas em todo o mundo.

De todas as histórias de vampiros, a mais famosa deve ser a lenda do Conde Drácula, um romance escrito em 1897 pelo autor irlandês Bram Stoker. Em 1992 a história foi adaptada para o cinema e desde então diversos livros e filmes tem retomada a base principal da lenda dos vampiros. Nessas lendas os vampiros são seres imortais que se alimentam de sangue.

A associação dos morcegos com essa lenda deve-se a 3 espécies de morcegos, sendo uma delas mais estudada e bem conhecida: a espécie do morcego-vampiro (Desmodus rotundus), encontrado do México a América do Sul. Essa espécie costuma habitar cavernas muito úmidas, e é das poucas espécies de morcego capaz de caminhar no solo, apoiados em seus dedos. Ao contrário do que as pessoas pensam os morcegos vampiros não chupam, e sim lambem o sangue que sai da mordida desferida por eles. Sua saliva contém uma substância anticoagulante que está sendo pesquisada para uso em doenças circulatórias.

Existem três teorias principais para explicar o surgimento do hábito hematófago em morcegos. A primeira sugere que um ancestral frugívoro de incisivos fortes e pontiagudos seria capaz de arrancar pequenos pedaços de pele de eventuais presas. Outra teoria cria a hipótese de que o ancestral desses morcegos deveria estar habituado a se alimentar de carrapatos parasitas de grandes mamíferos e que aos poucos esses morcegos passaram se alimentar diretamente do sangue desses animais. A terceira teoria remete a um ancestral que se alimentaria de larvas de insetos presentes em feridas de grandes animais. No entanto o debate entre pesquisadores é caloroso e até hoje nenhum das teorias ganhou força ou seguidores o suficiente para ser mais aceita que outra.

Ecolocalização

Outro fato bastante lembrado quando se fala de morcegos é a capacidade de ecolocalização. Essa característica geralmente é lembrada com uma conotação mais positiva que a lembrança dos vampiros e bastante admirada!
Os morcegos são animais de hábitos crepuscular e noturno. A falta de luz poderia significar alguma dificuldade nas atividades desses animais não fosse a estratégia do sonar! O mecanismo é fácil de entender. O animal emite sons de alta freqüência e capta o reflexo dessas ondas sonoras sobre superfícies do ambiente. A partir dessa captação consegue desviar de obstáculos e buscar por suas presas.

Por exemplo, um morcego insetívoro: Durante o seu vôo para capturar insetos emitirá cerca de dez pulsos sonoros separados por períodos de silêncio de mais ou menos 50 milissegundos.

O corpo do inseto reflete o som, que pode ser detectado pelo morcego, capaz então de determinar a direção e a distância da sua presa. Ao detectar o inseto, o intervalo entre os pulsos diminui. A freqüência de seus guinchos se altera à medida que se aproxima da presa até que finalmente a encontra e captura.

Os morcegos não são os únicos animais a adotar essa estratégia, mas certamente são os mais famosos por usá-la. Além deles golfinhos, algumas baleias e pássaros também usam essa estratégia.

Outros mitos

Popularmente outras histórias contadas sobre os morcegos merecem ser desvendadas.

O mito de morcegos serem cegos deve resultar da imaginação de que os morcegos usam exclusivamente a ecolocalização. Isso não é verdade. Morcegos enxergam, e muito bem! A ecolocalização é uma estratégia adicional.

Os morcegos não fazem ninho, costumam ficar empoleirados de cabeça para baixo. Acredita-se que essa posição favoreça o alçar vôo, uma vez que não tem habilidade para correr, como fazem as aves. 
Raramente um morcego ataca. Como a maioria dos animais silvestres, é mais comum um morcego se sentir ameaçado e constrangido na presença de outros animais maiores, como o homem. Mas se acuado, ele poderá reagir para se defender.

Nem todos os morcegos têm raiva. Embora eles sejam sim um vetor potencial dessa doença, como veremos mais para frente, a taxa de morcegos portadores do vírus é baixa.

Depois de todas essas informações, esperamos que já não tenha tanto medo dos morcegos.

Curiosidades

O menor mamífero do mundo

Tão pequeno que foi apelidado pelos americanos de “morcego-abelha”. Este é morcego insetívoro Craseonycteris thonglongyai, o menor mamífero do mundo, que mede cerca de 3 centímetros e vive na Tailândia e Myanmar.


Árvores que atraem morcegos

Quer ficar mais longe dos morcegos ? Então selecione bem as espécies que entrarão no seu jardim e no projeto de paisagismo do seu bairro.

Espécies de morcegos frugívoros adoram árvores de chapéu-de –sol (Terminalia catappa), jaborandi (Piper amalagoP. gaudichaudianumP. crassinervium), manga (Mangifera indica), nêspera (Eryobotria japonica), figueira (Fícus sp), jurubeba (Solonum granuloso-leprosumS. paniculatum), calabura (Muntingia calabura), embaúba (Cecropya sp), jamelão (Eugenia jambolana), jaboticabeira (Myrciaria cauliflora), entre outras.

Já as espécies polinívoras vão bem na bananeira e unha-de –vaca, entre outras.


Pista para achar vampiro

Morcegos hematófagos podem ser detectados através de suas fezes, que têm um cheiro forte de amônia e se assemelham a uma pasta preta.


Guloso!

Morcegos insetívoros se destacam no controle de populações de insetos pela sua voracidade. Um único morceguinho pode ingerir numa noite de atividade até 3000 insetos!!!!


A maldição do faraó

No início do século XX, o arqueólogo Howard Carter encontrou o túmulo de Tutankhamon, faraó egípcio no Vale dos Reis. Na tumba do rei podia ser lida a seguinte inscrição: “A Morte tocará com suas asas aquele que perturbar o sono do faraó”. Após a descoberta várias pessoas ligadas às escavações morreram misteriosamente. Daí surgiu a lenda da maldição do faraó.

Porém, as autópsias inocentaram o jovem rei, que continuava seu sono eterno. O verdadeiro culpado pelas morte foi o fungo Histoplasma capsulatum, causador da histoplasmose.


Bat-Mãe adotiva

As fêmeas de morcego apresentam intensos cuidados com a prole. E você sabia que elas podem adotar? Pois é, as morceguinhas adotam bebês morcegos órfãos, cuidando para que a espécie se perpetue com sucesso. Lindo, né?

Saiba Mais

Dee Stuart. Bats: mysterious flyers of night. 
Uieda, W. et al. Fauna de morcegos da região de Botucatu. In: Ueida, W. & Paleari, L.M. Flora e Fauna: um dossiê ambiental. Botucatu: Ed. UNESP.2003.